Conheça os filmes da programação que propõe uma viagem até o berço do cinema: a França.
Por: SESI Botucatu
03/08/201715:20- atualizado às 15:28 em 03/08/2017
Na 11ª edição do Cine SESI-SP no Mundo, realizada de 10 de agosto a 05 de outubro no SESI Botucatu, oito filmes propõe uma viagem à Europa Ocidental até o berço do cinema: a França. Com reflexões sobre técnica, temática e estilo, a mostra A França e o Novo traz obras que mostram a originalidade nas composições francesas, que influenciam até hoje o cinema mundial.
O evento é realizado em parceria com a Embaixada da França no Brasil e tem apoio do Institut Français. Todas as sessões são gratuitas e os ingressos podem ser reservados antecipadamente pelo Meu SESI (www.sesisp.org.br/meu-sesi). A França foi o primeiro país a exibir imagem em movimento, por meio dos irmãos Lumière, considerados os pais do cinema. Foi pioneira em efeitos especiais com o filme Viagem à Lua (1902), de George Méliès, e sediou o movimento Nouvelle Vague, que criou técnicas que romperam com as utilizadas, até então, no cinema comercial. Sua vanguarda cinematográfica influenciou inúmeros diretores dos anos de 1970, como o norte-americano Steven Spielberg.
Com curadoria do SESI-SP, os filmes escolhidos ressaltam, por meio de conexões, as técnicas que nasceram no cinema francês e permanecem evidentes nas produções contemporâneas de todo o mundo. A mostra traça um panorama composto em pares e exibe tanto os longas que inauguram estéticas e temáticas, como os que revelam a evolução desses elementos ao longo dos anos. Na mostra destacam-se produções de diretores consagrados, como Jean-Luc Godard e Jacques Tati, e, principalmente, a icônica performance em Ascensor para o Cadafalso, de Jeanne Moreau, falecida no mês passado.
Duas Garotas Românticas(1967), de Jacques Demy, destaca-se pela temática musical dos anos 60, com cenários e roupas característicos, e por um diretor que não mediu esforços e recursos financeiros para produzir o longa. Em contrapartida, Jean-Luc Godard questiona em O Desprezo (1963) o efeito do sucesso comercial em sua expressão criativa, representada no filme pelo protagonista Paul Javal, roteirista que vê sua esposa desprezá-lo enquanto busca agradar um produtor estrangeiro. Apesar dos dois filmes retratarem o auge da carreira dos cineastas, um o faz como algo oportuno, que dá margem a novas conquistas, e o outro com um pesar, que motiva sentimentos e ações conflituosas.
O Batedor de Carteiras (1959), de Robert Bresson, talvez seja o filme de maior importância histórica dentro da mostra. Inova ao filmar diversos elementos, e não só o rosto como fonte majoritária de expressão. Enaltece o realismo do comportamento humano sem a espetacularização vista nos cinemas americanos. Vândalo (2013), de Hélier Cisterne, traz, 54 anos depois da obra de Bresson, uma produção cinematográfica que debate o mesmo tema: o comportamento desajustado do protagonista como forma de expressão de um jovem desalentado.
Ascensor para Cadafalso (1958), de Louis Malle, foi produzido no estilo film noir, com planos expressivos, uso de contrastes e sombras, retrato das fraquezas humanas e ambientes urbanos realistas. Além disso, torna-se um marco ao mostrar a bela atriz Jeanne Moreau sem maquiagem e utilizar o jazz de Miles Davis como trilha sonora, duas iniciativas ousadas que o distanciaram dos sucessos de hollywood. Assim como na obra de Malle, O Pequeno Tenente (2005), de Xavier Beauvois, é um drama policial, em que os conflitos morais e psicológicos dos personagens ganham mais importância que os detalhes sórdidos dos crimes com os quais se envolvem.
O Carrossel da Esperança (1949) de Jacques Tati, e A Lei da Selva (2016), de Antonin Peretjatko, fazem uma crítica humorada à megalomania. Ambos zombam das instituições e da supervalorização de si mesmo. Um acontece em uma cidadezinha pacata, o outro na Amazônia. Os dois se conectam ao preservar métodos cinematográficos que utilizam o humor como crítica aos poderes e às fantasias que os sustentam.
A programação completa irá percorrer 39 unidades do SESI-SP em todo Estado, além do Centro Cultural Fiesp. As datas e horários das exibições podem ser conferidas em botucatu.sesisp.org.br/agenda.